O projeto tem o objetivo de caracterizar geneticamente a raça
Morada Nova, de maneira a valorizar os animais por meio da
divulgação das suas características consideradas virtuosas em
relação a outras espécies, da manutenção da variabilidade
genética e do melhoramento genético, contribuindo para o
desenvolvimento sustentável da ovinocultura de corte nordestina.
A iniciativa faz parte, ainda, da Rede Morada Nova, conjunto de
instituições responsáveis pelo estudo e atuação na preservação
dos ovinos da raça.
Utilizado como um método de identificação de jovens
reprodutores da raça Morada Nova, o teste de desempenho, teve a participação de 36 cordeiros de 13
diferentes criatórios. De acordo com o médico veterinário Olivardo Facó, pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos e
coordenador do projeto, os testes de desempenho, aliados às
informações de marcadores moleculares de DNA, permitem a
identificação de reprodutores tanto para o melhoramento genético
quanto para garantir a manutenção da variabilidade genética.
Segundo Facó, alguns resultados importantes já foram obtidos
com os dois primeiros testes de desempenho da raça, realizados
em 2008. "Do ponto de vista técnico, os animais responderam bem,
com ganhos de peso de 160 a 170 gramas por dia e com peso final
médio e acabamento compatíveis com o desejado para a
comercialização da carne e industrialização das carcaças",
ressaltou ele. Nos dois primeiros testes foram identificados
reprodutores de desempenho superior e que agora estão sendo
utilizados nos rebanhos das propriedades rurais envolvidas no
projeto.
O pesquisador destacou que os testes, aliados a outras ações
dos projetos da Rede Morada Nova, também foram importantes para
estimular o associativismo e o contato entre os produtores da
região. "A dinâmica dos testes exige um grau de organização dos
produtores e serve como motivação inclusive para a própria
associação dos criadores. Ela foi reativada e tem atuado como
parceira importante", disse ele.
A raça Morada Nova
A raça de ovinos Morada Nova é uma das principais raças
nativas de ovinos deslanados do Nordeste do Brasil e possui boa
adaptação às condições ambientais do semi-árido nordestino, além
de bom aproveitamento de produtos como carne e pele. Porém, os
rebanhos têm se reduzido, o que coloca a raça em risco de
extinção.
Para Facó, isso se deve a fatores como a preferência por
raças de maior porte, que têm contado com investimento em
divulgação. Porém, na avaliação do pesquisador, o pequeno porte
das ovelhas da raça Morada Nova é uma característica, na
verdade, vantajosa. "O porte pequeno representa um menor custo
de manutenção das matrizes para o produtor", salientou ele.
"Além disso, é uma raça muito fértil, prolífica, com boa
qualidade da pele e muito bem adaptada às condições ambientais
do semiárido nordestino", reforçou Facó.
Rede Morada Nova
A Rede Morada Nova atua desde 2008 e é responsável por
promover ações de pesquisa para melhor caracterizar a raça
Morada Nova e seus produtos e criar bases para um amplo programa
de conservação e melhoramento genético, minimizando os riscos de
desaparecimento. A Rede conta com recursos do Programa de
Fortalecimento e Crescimento da Embrapa (PAC Embrapa).
Estão envolvidas na Rede quatro unidades da Embrapa (Caprinos
e Ovinos, Pecuária Sudeste, Gado de Corte e Recursos Genéticos e
Biotecnologia), a Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos
da Raça Morada Nova, Federação da Agricultura e Pecuária do
Ceará (Faec), Sebrae/CE, Banco do Nordeste do Brasil, Instituto
Nacional do Semi-Árido, Prefeitura de Morada Nova e as
universidades de Brasília, Estadual do Ceará, Estadual do
Sudoeste da Bahia, Estadual Vale do Acaraú, Federal do Ceará,
Federal da Paraíba, Federal do Piauí, Federal Rural de
Pernambuco e Federal Rural do Semi-Árido.