A raça de
ovinos Morada Nova, primeiramente descrita pelo zootecnista
Otávio Domingues, durante viagem pelo então Departamento
Nacional de Produção Animal, em 1937, ao município de Morada
Nova/CE, é uma das principais raças nativas de ovinos
deslanados do Nordeste do Brasil.
Explorados para produção de
carne e pele, sendo esta muito apreciada no mercado
internacional, os animais da raça Morada Nova apresentam
pequeno porte e boa adaptação às condições climáticas do
semi-árido, tornando-se importantes componentes produtivos
nas pequenas propriedades, onde constituem fonte de proteína
na alimentação da população rural. Além disso, a raça
apresenta boa prolificidade, muito importante para os
sistemas de produção de carne ovina e que não é comumente
observada em outras raças nativas do Brasil.
A raça Morada Nova
apresenta, ainda, elevado valor adaptativo às condições de
produção do semi-árido nordestino, sendo capaz de apresentar
elevadas taxas de fertilidade, mesmo sob condições pouco
favoráveis. Portanto, a raça Morada Nova se constitui em
importante material genético para o produtor rural do
Nordeste brasileiro. Somando-se o baixo tamanho adulto e a
boa habilidade materna às características já citadas,
pode-se dizer que a Morada Nova é uma raça materna por
excelência, representando importante recurso genético para
utilização em sistemas de produção de carne ovina em todo o
Brasil.
No entanto, a despeito do
crescimento que vem sendo observado no efetivo ovino
brasileiro, os rebanhos da raça Morada Nova vêm reduzindo a
cada ano, sendo que muitos criadores têm optado pela criação
de outras raças, em grande parte influenciados por modismos.
Além disso, a exagerada ênfase que tem sido dada ao
desempenho individual em termos de ganho em peso e peso
corporal, em detrimento das características de eficiência
produtiva e reprodutiva, leva à falsa percepção de que raças
de maior porte são invariavelmente melhores. Tais fatos,
somados ao cruzamento indiscriminado com animais de raças
exóticas, têm posto em risco a existência e a preservação
deste importante germoplasma.
Cientes do risco,
pesquisadores reunidos na 43ª Reunião Anual da Sociedade
Brasileira de Zootecnia, realizada no período de 24 a 27 de
julho de 2006, em João Pessoa - PB, iniciaram a articulação
para a construção de uma rede de ações em torno da raça
ovina Morada Nova. Em novembro do mesmo ano, durante o IV
Congresso Nordestino de Produção Animal, realizado em
Petrolina-PE, foi retomada a discussão do assunto. Naquela
oportunidade foi articulada a realização de uma Reunião
Técnica sobre Conservação, Caracterização e Melhoramento
Genético da Raça Morada Nova, a qual foi organizada pela
Embrapa Caprinos e pelo Departamento de Zootecnia da
Universidade Federal da Paraíba e realizada na Embrapa
Caprinos, Sobral - CE, nos dias 22 e 23 de fevereiro de
2007.
O objetivo dessa reunião
foi promover a discussão entre os principais atores que vêm
trabalhando na área da conservação, caracterização e
melhoramento genético de ovinos da raça Morada Nova ou áreas
afins, de modo a discutir os problemas que envolvem a
conservação e o uso da raça e organizar grupos de pesquisa
que se dediquem à elaboração e execução de projetos
integrados de pesquisa e desenvolvimento nas áreas de
nutrição, forragicultura, sanidade, sistemas de produção,
desenvolvimento de produtos, reprodução, bioclimatologia,
conservação, caracterização e melhoramento genético.
Fruto dessa reunião, o
projeto "Caracterização e Bases para o Melhoramento Genético
de ovinos da raça Morada Nova", que envolve toda essa rede
de pesquisadores, foi aprovado pelo Macroprograma 2 da
Embrapa, no início de 2008.
Suas ações tiveram início a
partir da realização do I Workshop do projeto, que ocorreu
em Fortaleza/CE, no dia 6 de novembro de 2008.
Portanto, a Rede Morada
Nova é uma rede de instituições responsáveis pelo estudo e
atuação na preservação dos ovinos da raça Morada Nova. O
objetivo principal
da Rede é promover ações de pesquisa e
desenvolvimento de forma a melhor caracterizar a raça Morada
Nova e seus produtos e fundar as bases para um amplo
programa de conservação e melhoramento genético, dando valor
de uso à raça e minimizando os riscos de descaracterização e
desaparecimento.
Fazem parte da Rede Morada
Nova as seguintes instituições:
-
Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos da Raça Morada
Nova (ABMOVA);
- Banco do Nordeste do Brasil (BNB);
- Embrapa Caprinos e Ovinos (CNPC);
- Embrapa Gado de Corte (CNPGC);
- Embrapa
Pecuária Sudeste (CPPSE);
-
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (CENARGEN);
- Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (FAEC);
- Instituto Nacional do Semi-Árido (INSA);
-
Prefeitura de Morada Nova (SEDER);
- Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas/Ceará
(SEBRAE-CE);
- Universidade de Brasília
(UnB);
- Universidade Estadual do Ceará (UECE)
- Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB);
- Universidade Estadual
Vale do Acaraú (UVA);
- Universidade
Federal do Ceará (UFC);
- Universidade Federal da Paraíba
(UFPB);
- Universidade Federal do Piauí (UFPI);
- Universidade Federal Rural de
Pernambuco (UFRPE);
- Universidade Federal Rural do Semi-Árido
(UFERSA). |